
6º episódio da série Não Termina aqui: A esperança que floresce nos campos de Guarapuava
29/12/2020
No sexto episódio da série Não Termina Aqui vamos conhecer a história de alguns pequenos agricultores familiares que participam da Feira do Produtor e que também fornecem frutas, verduras e legumes para a merenda escolar. Os programas implantados pelo Município garantem renda e, por consequência, a permanência dessas famílias no campo, além de alimentos fresquinhos e de qualidade na mesa do consumidor guarapuavano. Acompanhe a seguir a reportagem sobre o assunto e assista ao vídeo disponível no site do G1, clicando aqui.
Toda iniciativa começa como uma semente. Pequena e escondida, aos poucos, ela vai criando raízes e se torna cada vez maior e visível aos olhos de quem passa. Ela germina e começa a embelezar a terra, mudando as cores de cada pedacinho de chão. Às vezes cresce rápido, mas outras demoram anos para se tornarem grandiosas e símbolos de inspiração. E como toda mudança, inicia no tempo certo para gerar mais e mais frutos.
Regadas com carinho, plantadas na época certa e retiradas toda semana para serem vendidas fresquinhas na cidade. As verduras produzidas por pequenos agricultores de Guarapuava percorrem os diversos quilômetros de estradas rurais para ganhar cada vez mais espaço na mesa do consumidor. É produto de qualidade do campo direto para a casa das famílias guarapuavanas.

Agricultura familiar de Guarapuava garante a permanência das famílias no campo. – Foto: Secom
Só que até esse caminho ser de sucesso, muita coisa teve que acontecer. Nas propriedades do Jean, do Carlito e do Oldair, pequenos produtores talentosos e determinados, a importância da política pública é comprovada e regada com muito carinho pela Secretaria de Agricultura de Guarapuava.
Nós começamos na enxada, picareta, virando terra. Era difícil, o lugar em que a gente plantava. Era caído, então a gente tirava tudo nas costas! Até engrenar, o começo foi duro. Depois que começou os programas de apoio da prefeitura, aí isso foi o que alavancou a gente, conta o pequeno agricultor, Amilton Fiuza.
Hoje Amilton tem uma propriedade e cuida dos negócios ao lado do filho Jean Fiuza. Juntos, acordam às cinco horas da manhã para trabalhar na horta, plantando, semeando e colhendo os alimentos que, no final da semana, vão ser vendidos na feirinha.

Feirinha do Produtor leva alimentos frescos do campo direto para o consumidor. – Foto: Secom
Negócio de família
Ter garantia de emprego e renda faz parte da história e das decisões do Jean Fiuza, filho seu Amilton, que decidiu investir e estudou para se tornar um técnico agrícola. Após a formação, começou a se dedicar, junto com sua família, à agricultura familiar. “Para eu sair daqui tem que ser uma proposta muito boa, caso contrário eu tô bem feliz aqui do jeito que tô”, conta Jean.
Depois de uma longa semana de trabalho ao lado do pai, Jean prepara tudo para a feirinha. Lá, seu Amilton assume a banca e, com toda a simpatia, atende os clientes, entregando produtos fresquinhos, de qualidade e garantia de origem.
E por falar em negócios de família, tem uma dupla de irmãos que faz sucesso nas Feiras do produtor de Guarapuava: o Clarito e o Oldair. Cada um deles preparou a terra de uma forma diferente, mas estão colhendo frutos parecidos.
Com o apoio e incentivo, Oldair Zorzi vendeu uma vaca de leite para comprar um porco e, assim, iniciou o seu negócio de defumados. Já Clarito Zorzi encontrou uma paixão diferente: o queijo. “Quando chegamos aqui, tudo que a gente tinha foi numa mala”, conta Oldair. Quem conheceu Oldair e a esposa, não imaginava que hoje eles teriam uma pequena indústria de defumados, ou como o filho, Gabriel Zorzi, chama “a herança dos filhos”.

Oldair participa das feiras com a venda dos produtos embutidos de origem animal, o que garante o sustento de toda família. – Foto: Secom
E o Clarito então? Ele e a esposa aproveitaram o pouco que sabiam e resolveram aperfeiçoar-se. Assim, o queijo de panela se tornou um dos mais saborosos da cidade.
Só que nem sempre foi assim. A venda de leite não estava sendo suficiente para manter a família. Então, com incentivo do município, transformaram o produto da pecuária primária em uma micro indústria de queijo.
A família se tornou pequena para a demanda, e o agricultor passou a contratar empregados para ajudar na produção. “Começou quando o Itacir assumiu a secretaria de agricultura, eu fui lá e conversei e ele me propôs legalizar o processo que a gente tinha pra poder vender na feira, foi nesse momento que a gente começou. Hoje já tenho funcionários trabalhando aqui comigo e me ajudando a fazer os queijos”, citou Clarito.

O queijo de Clarito é famoso e, muitas vezes, acaba antes mesmo da feira terminar. – Foto: Secom
A feira oportunizou que as famílias encontrassem renda na própria terra, consolidando a cada produto vendido um passo rumo a novas conquistas, conseguindo independência financeira. Legalizando os produtores e possibilitando mais oportunidades de crescimento. A indústria de embutidos do Oldair Zorzi também mantém unida a família.
Os filhos do casal já estão aprendendo a profissão e pretendem continuar tocando o negócio dos pais. A indústria, que começou ilegal e foi legalizada pelo programa da Prefeitura, agora já está sendo preparada para voos maiores. “A gente está fazendo as modificações para conquistar o selo nacional, podendo vender para todo o país”, comemora Oldair.
Renda a mais todos os dias na Feira do Produtor
A Feira do Produtor Rural é uma iniciativa da Prefeitura de Guarapuava nos moldes de atualmente funciona desde 2013 e tem como objetivo oportunizar o escoamento da produção dos pequenos produtores da cidade, bem como melhorar a renda do pequeno produtor. Assim, essas famílias têm garantia de renda e podem continuar fazendo aquilo que mais amam sem precisar deixar a própria terra para trabalhar na cidade grande.

Dona Ana é uma das participantes da Feira e oferece pães, cucas, massas e salgados. – Foto: Secom
A garra e determinação dos feirantes em crescer e conquistar novos espaços com os produtos do campo pode ser enxergada na feirante Ana Luiza. A receita do pão é de família, e no início da feira ela vendia aproximadamente 50 pães. O negócio foi crescendo conforme os clientes experimentavam o pão quentinho, do forno para o balcão da feira. Em pouco tempo ela transformou sua realidade e hoje já vende mais de 300 pães para seus clientes fiéis.
Em todo o processo dessa transformação no trabalho de Ana, ela caminhava na direção da vida que tanto sonhou: viver com o próprio sustento, com seu trabalho. “Quando eu vim embora pra Guarapuava não tinha nada, nem móveis nem nada, eu adquiri tudo graças a feira e hoje em dia eu tenho até carro. Comprei tudo pra minha casa, não falta nada e eu crio cinco netos e tudo graças a feira”, contou Ana.

As feiras do produtor acontecem em diferentes bairros de Guarapuava. – Foto: Secom
Com as feiras, os produtores passaram a ter uma venda direta aos consumidores. Isso aumentou significativamente a renda deles, que não precisam mais intermediar o produto via mercado. De acordo com Jean, isso ajuda a aumentar o lucro e investir mais na propriedade. “A gente tinha um desperdício maior no mercado e também não conseguíamos aumentar a produção, porque nunca sabíamos como seria a venda. Agora, com as Feiras, é certeza de que as pessoas vão comprar e a gente vai poder investir mais aqui no que é nosso”.

Produção de morangos da Família Fiuza que faz sucesso na Feira da Rua XV. – Foto: Secom