
Episódio 5 – O maior programa habitacional de Guarapuava
23/12/2020
Na quinta reportagem da série Não Termina Aqui, em comemoração aos 201 anos de Guarapuava, vamos mostrar que o sonho de muita gente é ter uma moradia confortável para criar os filhos ou curtir a aposentadoria. Para centenas de guarapuavanos essa realidade mudou nos últimos anos.
Sorriso na palma da mão: No maior programa habitacional de Guarapuava muitas famílias mudam de vida ao receber as chaves da casa própria ou os documentos de posse do terreno
A transformação foi construída tijolo por tijolo até o teto, acompanhada de rede de esgoto, água tratada, asfalto, iluminação e acessibilidade e com banho quentinho garantido pela energia solar. Em pouco tempo, a cidade viu nascer conjuntos de prédios, moradias e múltiplas ações que regularizaram o título de propriedade de mais de 1500 famílias.

A Prefeitura de Guarapuava realizou a entrega das chaves de casas populares para milhares de famílias. – Foto: Secom
No Distrito da Palmeirinha, Maria Ivete Rodrigues, dona de um sorriso sincero de quem conquistou o maior sonho: a casa própria, teve sua vida transformada. O cheiro de café no ar deixa o lar ainda mais aconchegante. Esse espaço que foi alcançado, após um longo tempo morando em uma área de risco, mudou não só a realidade de Maria Ivete, como de toda a sua família.
Mãe de um garotinho especial, ela não se contentou com o lugar em que morava, decidiu procurar ajuda para oferecer a ele uma vida de qualidade.
Era sofrido. Eu sonhava em ter minha casa mesmo, mas como não consegui procurei a assistente social na escola do meu filho, da APAE, eles me ajudaram muito e através da assistente social e da prefeitura. Eu consegui., contou emocionada.

Maria Ivete, moradora da Palmeirinha, comemora a conquista da casa própria. – Foto: Secom/Arquivo
Entre os momentos de alegria, sentada no sofá da sala, ela lembra com emoção das situações difíceis em que a casa foi um cenário de lutas para abrigar o filho com necessidades especiais. “Eu morava numa fazenda rural. Meu filho ficou doente, então foi feito cirurgia, deu um monte de problema, e aí foi que eu saí de lá e vim pra cá. Era apertadinho, não tinha como andar com ele, se você saia pra fora, você estava no chão, era ruim de descer com a cadeira de rodas, era bastante pedra. Quando chovia lá fora a água entrava, às vezes ainda passo por lá e penso: olha o que Deus me livrou”, contou com um olhar perdido.
Para realizar o desejo da dona Maria Ivete muitas pedras passaram pelo caminho. O programa que chegou até a família dela, teve implantação em 2013 com a parceria dos Governos Federal e Estadual. Mais de 800 famílias tiveram suas histórias transformadas com a garantia do imóvel, graças ao “Minha Casa, minha Vida”. No processo de construção deste sonho, a equipe da Secretaria de Habitação e Urbanismo trabalhou incansavelmente para chegar até àqueles que mais necessitavam de um novo lar, por isso faziam visitas, recolhiam documentos e enviavam ao banco. Além da análise social dessas famílias, também foi feita a identificação financeira, que precisava ser aprovada no cadastro, por ser um financiamento da Caixa Econômica Federal.
O grande dia de pegar as chaves estava a um passo com o sorteio que contemplou as famílias integrantes do programa. 29 de junho de 2019 ficou marcado como o dia mais feliz da vida da dona Maria Ivete.
É uma alegria grande a gente pegar a chave! Tanto pra mim como pra ele. Ele não fala, mas sente que a gente estava tendo dificuldade pra sair com ele. Pela primeira vez, em tantos anos, consegui minha casa. Antes ficava um mês em uma casa, depois em outra, vivia de aluguel. Não tenho palavras., afirmou emocionada.
Não é preciso ir muito longe para ver mais desta felicidade, a Dona Iracema, vizinha próxima de Maria Ivete, também compartilha da mesma alegria. É fácil encontrar sua casinha, o jardim bem cuidado exala o carinho que a senhora de 68 anos sente pelo seu novo lar. “A vida inteira eu não tive minha casa, tive casa na fazenda de alemão, casa alugada né, agora graças a Deus, nós conseguimos a nossa casinha. Aqui tem tudo, nossa horta ali que plantamos verdura, temos pintinhos também que nós compramos, minhas flores que sempre eu queria, consegui uma casa que desse pra fazer um jardim, ter minha casa própria pra aumentar. Olha, foi um milagre ter isso, muito bom”, conta com orgulho.

Dona Iracema é só alegria ao mostrar o jardim que fez na nova casa. – Foto: Secom
Olhando para Dona Iracema é possível enxergar sob a sua nova perspectiva. A moradora de uma das casas construídas pelo maior programa habitacional já visto em Guarapuava, fala com serenidade sobre a antiga vida, que exigia dela e de seu esposo, muita perseverança.
Nesse tempo que a gente morava nas fazendas não tinha luz, nem água encanada, esgoto, nada. Agora a gente tem casa”, relembra ela. Este é o intuito do programa, que dentro do “Minha Casa Minha Vida” as famílias possam ter acesso a toda infraestrutura necessária para ter mais qualidade de vida: esgoto, iluminação pública, asfalto e inclusive, uma área de lazer para convívio das famílias, relatou.
Além desta estrutura, a Dona Iracema sonhou mais alto e conseguiu aumentar o espaço que conquistou. “Já fiz a cozinha que antes não tinha né, aumentamos a cozinha, tudo aqui. Tudo novo, graças a Deus!”, comemorou. Agora, a chegada da melhor idade significa muito para quem batalhou por muito tempo pelo seu canto. “A gente vai chegando na velhice e tem o cantinho da gente pra ficar, né?! Eu fiquei muito contente de ter minha casa, poder envelhece tranquilo. Imagina você trabalhar a vida inteira e não ter um lar pra você morar? Nossa, aqui é outra coisa, eu me sinto muito bem! É um pedacinho do paraíso que a gente construiu”, afirmou.
Para assistir ao vídeo que conta essas histórias, clique aqui.

Moradora recebe título de propriedade que possibilita Registrar a Escritura do Imóvel. – Foto: – Secom
Terreno de papel passado
Para outros, o sinônimo de paraíso é oficializar um bem como seu. E olha, este era o maior desejo da Rose Pereira: sentir a realização de dormir no que é legalmente dela. “Nossa! Todo dia eu digo que não acredito que aqui é meu”, afirma com o sorriso nos lábios. A história da participante do programa Papel Passado, é exemplo da transformação que a gestão buscou ao longo dos anos, em proporcionar regularização fundiária daqueles que não tinham como declarar posse do imóvel. “A gente estava pagando aluguel e ainda sem os documentos, a gente não estava bem na certeza que era da gente. E aí me deram a ideia pra fazer o documento nosso. Olha, foi uma benção de Deus!”, contou.

Rose Pereira tem a certeza de que agora mora em um lugar mais seguro. – Foto: Secom
Para que o papel estivesse em suas mãos, um amplo trabalho vem sendo realizado desde 2015. Começou do zero, desde a identificação das famílias que estavam nos loteamentos irregulares, mas indo além, a equipe da Prefeitura precisou estudar como as pessoas haviam chegado até ali. Entre reuniões e visitas, foi necessário pisar e estar diante das áreas de risco e invasão. Ali, era visível o que a falta do documento significava, não só a perda de segurança jurídica, impossibilitava também a venda e o inventário destes imóveis. Caso o dono viesse a falecer, não teria como declarar posse do imóvel. Só isso, já fazia com que muitas pessoas vivessem em condições precárias.
A proposta inicial era oferecer às famílias um valor abaixo do mercado para garantir a escritura. Mas ainda assim, muitas delas não teriam recursos, pois a renda mensal era de até três salários mínimos. Começou então uma estratégia da Administração para dar suporte para estes guarapuavanos. Em setembro do de 2019, foi sancionada a Lei Municipal 2967/2019 que abona o pagamento dos terrenos. E essa lei possibilitou a dona Rose dar o adeus ao aluguel e o início de uma nova etapa. “Ah eu não acreditei, um dia eu estava aqui bem distraída. De repente chegaram e falaram vão lá que tão entregando o documento, ai que benção meu Deus do céu, aí fomos lá e agora estamos quietinhos agora, graças a Deus”, declarou.
Com seus olhos cheios de esperança, ela olha admira o lar que conquistou com tanto esforço. E não para por aqui. Os planos são maiores que as lágrimas da sua própria história: a casa vai ganhar novas formas para abrigar tanta alegria. “Nossa, agora só ir pra frente! Só quero arrumar agora minha casa né, estou fazendo orçamento do que que nós vamos construir. Se é de madeira, a gente vê depois. O importante é a gente ter o da gente mesmo né, dizer não, aqui é meu eu mando e vou construir”, completou.