
Quatro meses de distanciamento social: o enfrentamento de Guarapuava à violência contra a mulher
07/07/2020
Nessa segunda-feira (06), Guarapuava completou 100 dias desde a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no município. As medidas de enfrentamento locais para minimizar a velocidade de propagação do vírus, no entanto, foram adotadas ainda antes, em 17 de março, com a publicação do decreto nº 7815. De lá pra cá, as ações mais restritivas foram tomadas na medida em que os números locais cresciam, em um cenário acompanhado pela população, dia após dia, com a divulgação dos boletins oficiais da Covid-19.
Mas a crescente de casos registrados nesse período não diz respeito somente à Covid. Em Guarapuava, o registro de ocorrências de violência contra a mulher foram acentuadas desde o início do distanciamento social.
“Se as relações sociais mudaram com a pandemia, o reflexo é sentido de forma direta no combate a violência contra a mulher. Os canais que nossas mulheres buscam ajuda também mudaram e se antes elas procuravam a Delegacia da Mulher, UBS ou a Secretaria da Mulher, hoje, percebemos um aumento de denúncias e ocorrências através da ligação para o 190, da Polícia Militar”, explicou a secretária de Políticas Públicas para as Mulheres, Andresa do Amaral.
Os números do balanço são claros e mostram o enfrentamento de uma epidemia dentro da pandemia. Conforme dados do CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher em situação de violência), nesses quatro meses de distanciamento social (entre março e junho) houve um aumento de 27% na concessão de medidas protetivas e no registro de boletins de ocorrências, no comparativo com o mesmo período de 2019. A maior incidência de registros de B.O. ocorreu aos domingos, quando 25% das vítimas denunciaram seus agressores. Nesses quatro meses, 161 pessoas tiveram Covid-19 e 282 mulheres sofreram violência em casa e denunciaram.

(Fonte: CRAM/Prefeitura de Guarapuava)
“O aumento dos números de denúncias via 190 mostra que nossas mulheres vítimas da violência não deixaram de pedir ajuda e que o uso da tecnologia, as adaptações que nossa rede de enfrentamento adotou nesse período estão conseguindo chegar até essas mulheres”, avaliou a secretária. Para isso, ações estratégicas se mostraram eficientes como a disponibilização de celulares e notebooks para a equipe do CRAM e a produção diária de registros e estatísticas para visualizar o aumento ou decréscimo das ocorrências de violência contra as mulheres durante a pandemia. Em todos os casos registrados, a equipe do CRAM procurou manter contato telefônico com as vítimas e, quando isso não foi possível, fez visita domiciliar.
SERVIÇO
Neste período de distanciamento social, o CRAM atende presencialmente os casos de maior risco, das 13h às 17h, porém tem feito orientações jurídicas e atendimentos/encaminhamentos sociais, e ainda atendimento psicológico via telefone, das 8h às 17h. A Delegacia da Mulher está atendendo, das 14h às 17h, e o Poder Judiciário tem expedido as Medidas Protetivas em 24 horas.
Demais atendimentos e dúvidas podem ser tiradas no CRAM pelo telefone (42) 98405-6206. Em caso de emergências, também estão disponíveis os números 190, da Polícia Militar e 193, da Delegacia da Mulher.